Os acontecimentos destes últimos meses têm nos feito lembrar que estamos muito distantes de um processo civilizatório livre de guerras. A ascensão do grupo extremista Estado Islâmico no Iraque, Israel e Palestina, as guerras civis na Síria e Ucrânia, além de muitas outras guerras espalhadas pelo mundo, revelam a dificuldade de colocar em prática discursos e compromissos de paz assumidos, principalmente durante o século XX.
Nas constantes situações de guerra entre os povos, a humanidade se pergunta sobre os motivos que a justificam. Em 1932, dois dos maiores pensadores do século XX dialogaram sobre o tema da guerra em um debate promovido pela Liga das Nações, futura ONU. Assim como nos questionamos hoje em dia, Einstein perguntava-se sobre formas de livrar a humanidade da guerra. Ele questiona a Freud se o desejo de ódio e destruição seria parte da condição humana ou um desvio, uma patologia passível de tratamento.
Freud, por sua vez, apresenta uma genealogia da violência, demonstrando como ela sempre esteve presente na resolução dos conflitos entre os Homens. O pai da psicanálise lança mão dos conceitos de instinto de vida e de morte, na tentativa de responder a Einstein. Esses instintos estariam sempre presentes na vida psíquica, permanentemente estabelecendo ligações e rupturas tanto na relação com os outros quanto consigo mesmo. Logo, segundo Freud, “de nada vale tentar eliminar as inclinações agressivas dos homens”.
O que sim poderia ser feito seria uma tentativa de desviar as inclinações agressivas para outros objetivos que não fossem o da guerra, algo que poderíamos aproximar do conceito de sublimação. E por fim Freud conclui, talvez tentando deixar uma mensagem de esperança que, apesar do instinto de morte, o desenvolvimento da cultura trabalharia de forma contrária à guerra. Vale a pena conferir.
Para ler a carta na íntegra, clique aqui: Cartas_Einstein_Freud.
Bruno Mangolini, Tomás Bonomi e Bruno Espósito